quarta-feira, 6 de abril de 2022

Milton Ribeiro pede demissão do MEC após suspeita de favorecimento de pastores

 Milton Ribeiro decidiu deixar o cargo de ministro da Educação nesta segunda-feira (28), após ter vindo a público o suposto caso de favorecimento, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL), a municípios indicados por dois pastores em repasses de verbas. Ribeiro elaborou uma carta de demissão, para tentar reduzir o desgaste de Bolsonaro. No texto, afirma que jamais realizou "um único ato de gestão" que não fosse pautado pela correção e disse que solicitou a Bolsonaro a sua exoneração para que não paire nenhuma incerteza sobre a sua conduta ou à do governo. Tomo esta iniciativa com o coração partido, de um inocente que quer mostrar a todo o custo a verdade das coisas, porém que sabe que a verdade requer tempo. Sei de minha responsabilidade política, que muito se difere da jurídica", afirmou, acrescentando que depois que provar sua inocência estará de volta para continuar a ajudar Bolsonaro. "Não me despedirei, direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o presidente Bolsonaro na sua difícil, mas vitoriosa caminhada", escreveu o ministro, encerrando a carta com o bordão de campanha de Bolsonaro, "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". A suspeita de favorecimento de pastores foi revelada pelo jornal O Estado de S.Paulo. Segundo a publicação, Gilmar Santos e Arilton Moura, que não ocupam cargos públicos, teriam trânsito livre na pasta então comandada por Ribeiro para atuar na agenda e controle de pagamentos. Na sequência, a Folha de S.Paulo revelou áudio em que Ribeiro, em reunião com prefeitos, atribuía o favorecimento a uma determinação de Bolsonaro. — Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar [Santos]. A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam, e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar — diz o agora ex-ministro na gravação. Após as publicações, Ribeiro admitiu os encontros com pastores, mas negou favorecimentos e não comentou o teor do áudio revelado. Ele também disse que o presidente não pediu atendimento preferencial a pessoa alguma, mas que recebesse a todos no ministério. O Estado de S.Paulo ainda foi o primeiro a repercutir uma denúncia do prefeito de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), de que o pastor Arilton Moura teria pedido 1 kg de ouro para conseguir liberar verbas de obras de educação para a cidade. O caso despertou manifestações de parlamentares de oposição, que levaram notícia-crime contra Bolsonaro e Ribeiro ao Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria-Geral da República (PGR) também foi acionada para apurar o suposto favorecimento. Milton Ribeiro tomou posse do cargo em julho de 2020, quando substituiu Carlos Alberto Decotelli, que ficou cinco dias no ministério. Antes, o governo Bolsonaro teve Abraham Weintraub e Ricardo Vélez Rodríguez à frente da pasta. Ribeiro é pastor presbiteriano e professor. Ele já foi reitor em exercício da Universidade Mackenzie, em São Paulo, e é doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), além de advogado e mestre em direito.

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