domingo, 19 de junho de 2022

Educação financeira nas escolas

 Causou grande repercussão e muita polêmica o comentário da deputada estadual, Luciana Genro (PSol-RS), para justificar o voto contra o projeto de lei que prevê a inclusão de educação financeira em escolas do Rio Grande do Sul. O PL 231/2015 foi aprovado, pela Assembleia Legislativa- RS, no dia 7 deste mês, com 24 votos favoráveis e seis contrários, um deles de Luciana Genro. O texto obriga a inclusão de educação financeira em propostas pedagógicas de escolas públicas e privadas, do ensino fundamental e médio do Rio Grande do Sul – o que, aliás, já está inserido na Base Nacional Comum Circular (BNCC), desde 2020, como tema transversal que precisa ser abordado nas instituições de ensino. Trata-se de um projeto do Pós-doutor em Educação Financeira, Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (ABEFIN), contando com o apoio do deputado federal Arnaldo Faria de Sá, e que foi aprovado pelo MEC. Talvez pela condição de militância de esquerda, a deputada foi detonada, praticamente, de norte a sul do país, principalmente por determinada ala política. Até o filho 03 de Bolsonaro – Eduardo Bolsonaro, conhecido também por “Bananinha” – teria “retuitado” o comentário da deputada Luciana, conforme ela fala em live de 14 de junho. Diz a deputada que seria constrangedor para o professor e professora falar sobre como melhor conduzir as finanças se algumas escolas estão caindo aos pedaços, falta água potável, não tem banheiros; se os alunos não tem o que comer em casa; e se eles mesmos, os mestres, estão com salários defasados e enrolados em dívidas. Pesquisas sobre educação financeira publicadas nos últimos anos buscam identificar a validade desses programas e, principalmente, se a educação financeira realmente funciona. Thiago Godoy, head de educação financeira da XP Inc e especialista em psicologia do dinheiro e bem estar financeiro, publicou, em 19 de novembro de 2020, o artigo “A Educação Financeira funciona?”. Nesse artigo, o autor cita o estudo da dra. Annamaria Lusardi, diretora do Centro de Letramento Financeiro da George Washington University (GFLEC), dos EUA, que constatou que: Há evidências claras de que a educação financeira não só afeta o conhecimento financeiro como, também, o comportamento financeiro; A educação financeira faz diferença na vida das pessoas; Diferente de outras matérias que em pouco tempo são esquecidas, o aprendizado da educação financeira é levado pela criança e pelo jovem para a vida adulta. Parece que a deputada Luciana erra ao achar que, devido aos problemas existentes nas escolas, não se deveria incluir a educação financeira na grade curricular. Na verdade, ela é muita gente, talvez até a deputada que propôs o projeto de lei, confundem educação financeira com finanças pessoais, área que abrange questões puramente técnicas, como saber fazer cálculos básicos, cotar preços, elaborar um orçamento, anotar pagamentos e receitas, preencher planilhas, conhecer produtos financeiros e estratégias de investimento, evitar o endividamento. É o que contempla, em resumo, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que de fine a Educação Financeira como “o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, de maneira que, com informação, formação e orientação, possam desenvolver os valores e as competências necessárias para se tornarem mais conscientes das oportunidades e riscos nele envolvidos e, então, poderem fazer escolhas bem informadas, saber onde procurar ajuda e adotar outras que melhorem o bem-estar”.

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