A deputada Professora Dorinha (DEM/TO) afirmou ao portal Brasil61.com que vê a
educação profissional não apenas como porta de entrada ao mercado de trabalho,
mas como um caminho para o desenvolvimento do País. A congressista é autora do
Projeto de Lei 62/2015 — sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro na última
semana — que institui a data de 23 de setembro como o Dia Nacional da Educação
Profissional.
Dorinha também destacou que a criação de um dia para celebrar a educação
profissional no País traz um ‘simbolismo provocativo’, já que o Brasil, na visão dela,
ainda investe muito pouco nessa área.
De acordo com a edição mais recente do Anuário Brasileiro da Educação Básica,
publicado pelo Todos pela Educação, apenas 18,7% dos estudantes brasileiros
matriculados no ensino médio cursam o ensino profissionalizante. No Tocantins a
quantidade de estudantes matriculados na educação profissional técnica é de
16,7%, 13.642 ao todo, índice inferior à média nacional.
Nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) esse índice chega a cerca de 50%. Segundo a deputada, o
Brasil só vai conseguir avançar na temática quando houver mudança na política
pública voltada à educação profissional.
“Eu vejo com bons olhos quando a gente tem oportunidades de ter experiências de
formação que envolvam o mundo do trabalho. Eu tive a oportunidade de conhecer o
evento da Alemanha, em que os jovens são formados parte na empresa e parte na
escola. Acho que isso faz uma diferença enorme”, cita.
Um dos objetivos do Dia Nacional da Educação Profissional é promover discussões
sobre os desafios e potencialidades dessa modalidade de educação, “fundamental
para o desenvolvimento da economia, da empregabilidade e da melhoria da
qualidade de vida dos brasileiros”, destaca a autora da proposta.
Emprego
Doutor em Psicologia Educacional e pesquisador do Instituto Experto Brasil, Afonso
Galvão, afirma que a educação profissional é fundamental para inserir mais pessoas
no mercado de trabalho, além de suprir a falta de mão de obra qualificada que
diversos setores da economia acabam enfrentando.
“A educação profissional é muito importante porque é uma educação que é
geradora de emprego. As pessoas saem da educação profissional qualificadas e
encontram espaço no mercado de trabalho para aplicar seus conhecimentos”,
destaca o especialista.
Estudos apontam que jovens com formação técnica de nível médio têm mais
facilidade para entrar e se manter no mercado de trabalho do que aqueles formados
no ensino médio regular.
“Dia Nacional da Educação Profissional é uma forma de valorização do ser humano
no mundo do trabalho”, destaca senador Flávio Arns
Dia da Educação Profissional: Bolsonaro sanciona lei que cria data comemorativa
E isso vale para diferentes faixas etárias. Segundo pesquisa da Consultoria IDados,
que contou com apoio da CNC, Sesc e Senac, entre 17 e 29 anos, por exemplo, os
estudantes que tiveram educação profissional passaram, em média, 20,6% do
tempo desocupados. Para quem fez o ensino médio regular, esse percentual sobe
para 25,2%.
Para João Marcelo Borges, pesquisador do Centro de Desenvolvimento da Gestão
Pública e Políticas Educacionais, da Fundação Getulio Vargas, é preciso romper
com a ideia de que o ensino técnico é menos importante do que o ensino superior.
“Muito disso, está ligado ao nosso passado escravocrata, de um País voltado ao
bacharelado, que se importa mais com títulos do que com competências, que
valoriza mais o canudo e o diploma do que a capacidade efetiva de trabalho e de
abordar para produtividade das firmas, organizações e do País como um todo”,
critica.
Fonte: Brasil 61
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