Enem: barrados por lotação da sala podem ir à prova do próximo domingo ou pedir reaplicação das duas datas, diz Inep
Candidatos que foram barrados no 1º dia do Enem 2020 no último domingo (17) poderão comparecer ao 2º dia de provas neste domingo (24) ou pedir a reaplicação das duas datas do exame.
A informação foi dada por telefone à reportagem do G1 pela assessoria de comunicação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela prova, nesta sexta (22).
Em ao menos 11 dos 14.447 locais de aplicação, candidatos foram barrados porque as salas estavam lotadas e não era possível garantir o distanciamento. O número é um balanço do Inep. Segundo o governo, os casos ocorreram em seis cidades (Curitiba, Londrina, Florianópolis, Canoas, Caxias do Sul e Pelotas), mas há relatos de mais ocorrências além daquelas registradas inicialmente.
Segundo um comunicado do Inep divulgado na terça-feira (19), quem foi barrado no primeiro dia deveria comparecer às provas neste domingo e pedir a reaplicação – de segunda-feira (25) a sexta (29) – sobre a prova que perdeu.
O texto divulgado dizia que "o inscrito deverá solicitar apenas a reaplicação das provas que ocorreram no dia em que se sentiu prejudicado. Portanto, cabe ressaltar que o participante poderá realizar, normalmente, as provas do próximo domingo, 24 de janeiro, caso tenha sofrido com questões logísticas no primeiro dia de aplicação".
Já a Justiça Federal reafirmou na quarta-feira (20) o direito dos candidatos impedidos por problemas logísticos, como as salas lotadas, de pedir a reaplicação em 23 e 24 de fevereiro.
"Esse infeliz planejamento [casos de lotação nas salas] pode ter prejudicado inúmeros alunos, os quais devem ter garantido o direito de realizar as provas, e o Inep, a obrigação de reaplicá-las nos dias 23 e 24 de fevereiro, data já prevista no edital para reaplicação de provas e para realização das provas no estado do Amazonas e demais cidades onde não houve aplicação da prova em razão de situações regionais decorrentes da pandemia", afirmou a juíza federal de SP Marisa Cucio em sua decisão.
Segundo o MEC, os candidatos barrados não precisam pegar nenhum comprovante para confirmar que foram impedidos de fazer a prova.
Barrados no Enem
Kayane Vieira, de 18 anos, busca uma vaga em ciências da computação na Federal do RS por meio do Enem. No último domingo (17), foi ao seu local de prova em Porto Alegre e foi informada de que as salas de provas estavam cheias demais.
Os aplicadores consideraram que seria impossível manter o distanciamento seguro se o local abrigasse todos os alunos previstos.
"Uma desorganização, um descaso. Havia umas 60 pessoas no corredor esperando, sem distanciamento. Perguntei como faria a reaplicação, e a fiscal me disse para ligar no 0800 [616161, telefone de atendimento do Ministério da Educação]", afirma Kayane.
"Muitas dificuldades, desafios principalmente para quem é de escola pública. Nosso recurso de esperança para quem tem baixa renda é o Enem. Aí tu chega lá para fazer a prova e dizem que não tem espaço na sala, sendo que tiveram muito tempo de organizar." na capital gaúcha, Tayna Guedes Bampi, de 20 anos, diz que "a gente perde a confiança. Minha ansiedade é não conseguir fazer essa prova".
"Fizeram uma chamada com os nomes de todos que não conseguiram entrar, e marcaram em uma lista com caneta marca-texto", conta Tayna.
Ela se sente insegura por não ter recebido nenhum comprovante de que compareceu à prova. "Lá, não me informaram nada. Só soube pelo jornal que teria que pedir a reaplicação pelo telefone 0800 ou pela Página do Participante. Do Inep ou dos aplicadores, eu não soube de nada."
Os casos ocorridos em Porto Alegre, além de outro em Mogi das Cruzes, ainda estavam "invisíveis" - não constavam neste balanço inicial do governo que cita as 11 salas.
Kevin Steven Philippart, de 18 anos, faria a prova na cidade da região metropolitana de São Paulo. Ele também foi impedido de entrar na sala de aula, não está mapeado no balanço do Inep e não recebeu informação sobre o que deveria fazer.
Kevin Philippart, de 18 anos, faria a prova do Enem 2020 em Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo. Ele também foi impedido de entrar na sala de aula, não está mapeado no balanço do Inep e não recebeu informação sobre o que deveria fazer. — Foto: Arquivo Pessoal
"Vi em um site de notícia que para ter reaplicação tem que ligar no Inep. Mas liguei hoje [segunda-feira] e fiquei quase 1h. Foram exatos 57 minutos de espera, e ninguém me atendeu", conta. "Você liga e é desesperador", relata.
Ele relata que não encontrou nenhuma informação sobre como proceder na Página do Participante.
O presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou que os casos serão averiguados, e que há divergências entre o que foi noticiado e o que está registrado na ata das salas de prova.
"Qualquer participante que se sentiu prejudicado, a partir de 25 de janeiro, como está previsto no edital, poderá pedir a reaplicação para os dias 23 e 24 de fevereiro [ler mais abaixo]", afirmou Lopes.
O índice de abstenção ficou em 51,5%, o maior da história. Uma série de ações judiciais questionou a segurança da realização do Enem em meio à alta de mortes e casos por Covid.
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que a realização em meio à pandemia foi "um sucesso" e "algo vitorioso".
Um dia após o primeiro domingo de Enem, a Defensoria Pública da União pediu o adiamento do 2º dia e remarcação da prova para quem faltou ao 1º dia.
Pedidos para reaplicação após o fim do Enem
O edital do Enem prevê que candidatos prejudicados por problemas logísticos, nos quais se enquadram a lotação de salas, terão cinco dias após a última data do exame para solicitar a reaplicação.
Como o segundo dia de Enem está programado para o próximo domingo (24), o prazo abre na segunda-feira (25) e encerra na sexta (29).
Mas essas informações não foram repassadas aos candidatos no momento em que foram impedidos de fazerem as provas, nem estão claramente disponíveis nos perfis dos candidatos, na Página do Participante.
A Defensoria Pública da União abriu um canal para receber relatos de candidatos que se sentiram prejudicados pela aplicação do Enem. O envio do relato não exclui a necessidade de entrar em contato com o Inep para pedir a reaplicação.
A ideia da Defensoria é mapear os principais pontos para propor ações coletivas. O formulário pode ser acessado aqui. Ele também está disponível no site da defensoria. O endereço é https://www.dpu.def.br/
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