Fonte: https://g1.globo.com/educacao/enem/2020/noticia/2021/01/22/enem-entenda-por-que-sair-chutando-as-respostas-nao-da-certo-na-prova.ghtml
Enem: entenda por que 'sair chutando' as respostas não dá certo na prova
Teoria
de Resposta ao Item (TRI) avalia se o candidato teve desempenho coerente ao
longo do exame.
No Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem), não dá para contar só com a sorte. O método de
correção da prova - chamado Teoria de Resposta ao Item
(TRI) - é programado para dar uma nota menor a quem
“chutar” as respostas.
Mas como? Imagine
um atleta competindo em uma prova de salto em altura. Se ele foi capaz de
saltar 3 metros, deve ter conseguido também pular o obstáculo de 2 metros,
certo? A TRI busca detectar essa coerência no desempenho dos
alunos no Enem.
Se um candidato
acertou uma questão muito difícil, deve ter resolvido com tranquilidade a de
nível fácil.
Por outro lado, se
ele acertou as 15 questões mais complexas de matemática, mas errou justamente
as 15 mais fáceis… provavelmente foi na sorte. O sistema de correção detecta o
“acerto ao acaso” - ou seja, o “chute” - e atribui uma pontuação menor ao
candidato.
É uma forma
diferente da que é usada para corrigir a Fuvest, por exemplo, em que o número
de acertos corresponde à nota final. No Enem, cinco candidatos
podem acertar exatamente a mesma quantidade de questões, mas tirarem notas bem
diferentes.
“Um caso real: com
17 acertos, a pontuação variou de 350 a 700 pontos, segundo os microdados do
Enem. É um exemplo extremo, mas que deixa claro como a TRI é decisiva
principalmente com números baixos de acerto”, afirma Edmilson Motta,
coordenador geral do Grupo Etapa.
Abaixo, tire suas
dúvidas sobre a TRI:
1-
Como a TRI sabe que uma questão é "fácil” ou “difícil”?
A TRI é um sistema
matemático complexo, programado por uma série de fórmulas. Em primeiro lugar,
há uma avaliação do conteúdo cobrado. Na mesma edição, pode haver duas questões
de álgebra: uma exigindo apenas uma conta, outra cobrando uma interpretação
mais ampla e um número maior de cálculos. Pela lógica, o candidato que
conseguir resolver a segunda (mais difícil) deve ter acertado também a primeira
(mais simples).
Além disso, para
classificar o nível de dificuldade de uma pergunta, o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
aplica pré-testes, antes do Enem, para grupos semelhantes aos que vão prestar o
exame. Com base no número de pessoas que acertaram aquela resposta, é possível
mensurar a dificuldade dela.
“É uma seleção
estatística. Fazemos um sorteio de escolas para que seja uma amostra
significativa: tenha colégios de diferentes níveis de desempenho no Enem, de
todas as faixas de renda”, diz Eduardo Carvalho Sousa, coordenador-geral de
exames para certificação do Inep.
Mas o aluno que participou do pré-teste não vai levar vantagem no
Enem "de verdade"? Sousa explica que as questões testadas ficam em
uma espécie de quarentena. Depois de serem aplicadas para as amostras de
estudantes, vão permanecer no banco de perguntas por determinado período.
“Provavelmente,
quando aquela questão for realmente cair no Enem, os alunos do pré-teste já
estarão na faculdade ou terão desistido de prestar o exame”, diz o funcionário
do Inep. “O risco de alguém ser favorecido é praticamente inexistente.”
2-
Quais as vantagens da TRI?
A TRI:
·
ao detectar os famosos "chutes", premia o aluno que, de fato, se preparou para a prova, e
não aquele que apenas pode dar sorte de acertar as alternativas;
·
possibilita a comparação entre candidatos que
tenham feito diferentes edições do exame;
·
torna mais improvável que dois
concorrentes tirem exatamente a mesma nota - já que o resultado
final é divulgado com duas casas decimais (816,48 pontos, por exemplo).
“É um sistema
complexo e mais justo. Os alunos costumam achar que é algo subjetivo, mas não.
Há um calibre da pontuação de cada questão, para que a nota realmente
corresponda ao desempenho do candidato”, diz Vicente Delorme, diretor de
planejamento do Colégio pH (RJ).
3-
Vale a pena deixar questão em branco?
Não. Os
professores ouvidos pelo G1 reforçam que
os candidatos nunca devem deixar o gabarito em branco.
A TRI não tira
pontos de quem chuta a resposta - apenas dá uma pontuação menor para o acerto
“na sorte”.
“O aluno com
desempenho incoerente, que errou as fáceis e acertou as difíceis, vai ganhar
menos pontos. Mas não vai deixar de ganhar nota.
Não preencher o gabarito não é uma boa estratégia”, diz Delorme.
4-
É melhor começar a prova pelas questões mais fáceis?
É interessante
garantir o acerto das mais fáceis - o problema é que elas não vêm
identificadas. Não há como descobrir, de cara, o nível de dificuldade de cada
uma.
No segundo dia de
Enem, por exemplo, o aluno deve fazer as provas de matemática (45 questões) e
de ciências da natureza (outras 45). Se ele se dedicar exaustivamente às 45
perguntas de matemática, vai chegar cansado à prova de ciências da natureza - e
correrá o risco de errar as mais simples.
Motta, do curso
Etapa, sugere uma estratégia:
“Uma boa alternativa é fazer um pouco de cada prova, ainda com a
cabeça fresca. Depois, reservar uma parte do tempo para resolver as
mais trabalhosas”, diz. “Pode ser 1h30 para uma prova, 1h30 para a outra.
Quando aparecer alguma questão difícil, é só pular e voltar para ela depois.
Assim, dá para aumentar a chance de acertar as fáceis.”
5-
A TRI deve mudar meu jeito de estudar?
Não. O aluno que
estiver preparado para o Enem vai ter um desempenho coerente e, por
consequência, uma boa nota.
O que pode ajudar
a definir as prioridades de estudo antes da prova é já pensar em que curso o
candidato quer fazer. No Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que
usa a nota do Enem para selecionar alunos para universidades públicas, algumas
instituições atribuem peso às provas.
Por exemplo: a
nota final de quem se candidatar para uma vaga em direito vai dar um peso maior
à prova de ciências humanas do que à de matemática. Nesse caso, Delorme afirma
que vale a pena, “na hora H”, caprichar na revisão de história e geografia.
6-
A redação também é por TRI?
Não. A TRI só vale para as respostas de múltipla escolha. Na
redação, os corretores atribuem uma nota de 0 a 1.000, com base nas
competências exigidas pelo Enem.
7-
Por que ninguém tira zero nas questões do Enem?
Sousa, do Inep,
explica que a TRI avalia até mesmo o erro do aluno. “Cada
alternativa incorreta tem uma função. Ela pode mostrar qual nível de
conhecimento o aluno tem”, diz. “É por isso que ninguém tira zero no
Enem."
Supondo que a
pergunta seja "quanto é 50 - 25?". O correto, claro, é “25”. O aluno
que marcou “24” tem um nível de conhecimento diferente do que respondeu “75”.
Cada erro dá alguma pontuação para o candidato. A alternativa mais absurda vai
render menos pontos do que aquela que foi "na trave".
Cronograma
do Enem
·
Provas impressas: 17 e 24 de janeiro.
·
Prova digital: 31 de janeiro e 7 de fevereiro.
·
Reaplicação da prova: 23 e 24 de fevereiro
·
Resultados: a partir de 29 de março
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